Médico de Palhoça funda instituto


Entre sofás aconchegantes lá está o piano de cauda, praticamente no meio da sala de uma casa que respira música. Nas segundas-feiras e sábados, quem passa pela rua Inês Maria de Jesus, na Guarda do Embaú, em Palhoça, na Grande Florianópolis, ouve o som de uma pequena orquestra, formada por crianças e adolescentes da vizinhança. A casa pertence ao médico Felipe Nobre, 54, que desde os sete anos toca piano. “É como uma necessidade. Eu preciso estar conectado com a música, com meu piano. Me relaxa, traz paz e me completa”, descreve.

Aos poucos, o som do piano atrai os moradores vizinhos, que já chegam perguntando quando as aulas começariam. Nobre nunca havia pensado nisso. Até porque o piano, protagonista dessa história, estava lá apenas como um instrumento musical adorado pela família. Abrir as portas da casa para o público ainda não estava nos planos. Mas foi inevitável e natural. “Minha filha toca desde seus três anos e somos todos envolvidos com a música. Quando trouxemos o piano e começamos a tocar, as pessoas foram chegando e pedindo para aprender”, continua.

Com ajuda do amigo e músico Ricardo Vieira, que ministra aulas nas comunidades de Florianópolis, a escola foi virando realidade. Vieira foi o incentivador e hoje é o principal professor do Instituto Casa Nobre, que já tem três anos e inúmeras audições que encantaram a cidade e a região. “Ricardo me disse para começar pelo violino porque esse instrumento traz a coletividade. Um precisa do outro, essa é base do instituto. Temos essa relação de amor à música. A participação é totalmente gratuita”, ressalta. Entre as regras, está o comprometimento nas aulas e responsabilidade de cuidar do material. As crianças são autorizadas a levar o instrumento para casa para tocarem e ter a presença da música no dia a dia.

Orquestra une mães
Nas aulas de violino, mães e filhos estão lado a lado. Na Casa Nobre, a orquestra, além de ser composta por crianças e adolescentes, também possui esse diferencial. “Uma das nossas exigências é que os alunos sejam acompanhados por pais ou responsáveis. Muitos ficam nos assistindo e quando notamos já estão plenamente envolvidos”, ressalta o médico.

Com a ajuda da música, Maristela Nascimento, 48, e a filha, Valentina Nascimento, 7, começaram a dividir o mesmo palco. Foi tanta sintonia que quando percebeu, ela já estava com o violino na mão. “Eu comecei a levar ela e nós duas ficamos empolgadas. Ela adorou aprender a tocar violino e isso nos fez muito bem”, diz.

A paixão pela música é tão forte que Maristela não pensa em se desligar do grupo tão cedo. “É indescritível o sentimento de tocar em público. Como sou muito hiperativa, isso me acalmou bastante. Sem contar que percebo pela Valentina, que ela fica mais contente ao me ver presente”, detalha.

Rumo a sede própria
A casa do médico Felipe Nobre hoje está pequena para abrigar tanta gente. São mais de 30 meninos, meninas e mães envolvidos nos ensaios. Os instrumentos já tomam conta de todo o espaço. Com um terreno disponível, o próximo passo é construir uma sede própria, para acomodar melhor as crianças.

Desde a sua fundação, a Casa Nobre sempre recebeu apoio da comunidade. Músicos e amigos doaram os instrumentos. As mães ajudam com os custos de deslocamento do professor. Com a sede própria não será diferente.



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